O primeiro semestre de 2025 do varejo alimentar foi marcado por um cenário de imprevisibilidade no contexto macroeconômico externo, cujos efeitos impactam diretamente a economia interna. O varejo, de forma geral, sente os reflexos das medidas de controle da inflação, como o aumento dos juros, que resultam em retração do consumo.
Mesmo sendo um segmento essencial, o varejo alimentar também percebe mudanças no comportamento de compra, uma vez que seus produtos estão entre os mais afetados pela variação de preços.
Dentro desse contexto, o segmento encerrou o semestre com desempenho semelhante ao do primeiro trimestre: crescimento de 3,4% no faturamento em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, esse resultado ainda fica abaixo do IPCA acumulado dos últimos 12 meses, de 5,53%. Em outras palavras, apesar do aumento do preço médio e, consequentemente, do ticket médio, a redução na quantidade de itens por compra e no número de compras revela que o crescimento está abaixo da inflação, gerando uma percepção distorcida de avanço real no setor.
Entre os 25 produtos mais vendidos no período, 19 apresentaram aumento no preço médio. Os destaques ficam para o café em pó, com alta expressiva de 87,2%, seguido por óleo de soja e carnes e aves, ambos com aumento de 28,8%, além dos frios (por quilo), com variação de 20,5%.
Em contrapartida, seis itens registraram queda no preço médio, com destaque para o feijão (1 kg), que recuou -20,9%, o arroz (1 kg) com -14,8% e o grupo de frutas, legumes e verduras (FLV), com -12,5%. Apesar da pressão nos preços, os shoppers continuam consumindo, porém de forma mais seletiva.