O varejo brasileiro está diante de uma transformação silenciosa: a mudança na pirâmide etária do país. Com uma população cada vez mais idosa e uma queda na natalidade, entender os diferentes perfis de consumo deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica. As marcas que quiserem crescer de forma sustentável precisarão compreender e atender às demandas específicas de cada faixa etária, ajustando sua comunicação, ofertas e canais de atendimento.
Na base da pirâmide, crianças e adolescentes da geração Z já começam a moldar seus hábitos de consumo, mesmo com um poder aquisitivo mais limitado. Apesar do menor gasto médio, esse público é altamente conectado, curioso e propenso à experimentação. Meninas, em especial, tendem a adquirir um número maior de itens. Para engajá-los, o varejo precisa investir em campanhas modernas, presença ativa nas redes sociais e formatos digitais interativos que gerem identificação imediata.
Na faixa dos 20 a 29 anos, muitos jovens alcançam, ou estão a caminho, da independência financeira. O comportamento de consumo reflete um estilo de vida intenso, com múltiplas ocupações e pouco tempo disponível. A busca por praticidade e agilidade é essencial, ofertas relâmpago, entregas rápidas e experiências de compra descomplicadas ganham relevância. É o momento ideal para fidelizar consumidores com soluções pensadas para a rotina corrida dos jovens adultos.
Com o avanço na carreira e o início da formação familiar, os consumidores de 30 a 39 anos tendem a ampliar seus hábitos de consumo. As compras passam a incluir não apenas suas próprias necessidades, mas também as de cônjuges e filhos. Programas de fidelidade com cashback, cupons de desconto e promoções para compras em maior volume se tornam altamente atrativos. Este é um público que valoriza recompensas e benefícios práticos.
Entre os 40 e 49 anos, os consumidores geralmente já estão consolidados profissionalmente e com a vida familiar mais estruturada. O consumo permanece elevado, especialmente em categorias com maior valor agregado. Combos familiares, embalagens econômicas e promoções para compras em grande quantidade são estratégias eficazes. Trata-se de um consumidor menos impulsivo, que valoriza eficiência, qualidade e economia de escala.
A partir dos 50 anos, com filhos mais independentes e uma preocupação crescente com estabilidade financeira, há uma tendência de busca por custo-benefício. A fidelidade às marcas se fortalece, mas exige contrapartidas: qualidade, bom atendimento e preços justos. É um público exigente, que responde bem a ações de relacionamento de longo prazo e se engaja com marcas que entregam confiança.
Já a partir dos 60 anos, os consumidores tendem a reduzir o volume de compras, mas mantêm uma atenção especial à saúde e ao bem-estar. Produtos que promovam qualidade de vida, embalagens em porções adequadas para evitar desperdícios e um atendimento empático ganham importância. Serviços como entrega em domicílio e suporte personalizado são fundamentais para garantir conforto e fidelidade.
A análise dos dados do primeiro trimestre de 2025 mostra que o varejo segue crescendo de forma estável, impulsionado pela lealdade dos clientes e pelo fortalecimento dos canais de conveniência. No entanto, esse crescimento só será sustentável se o setor acompanhar as transformações nos hábitos de consumo de cada geração.
As marcas que desejam se manter relevantes devem adotar estratégias segmentadas, investir em programas de fidelidade robustos, personalizar promoções conforme datas sazonais e oferecer soluções que respeitem o momento de vida de cada consumidor.
A nova pirâmide etária brasileira não é um desafio. É uma oportunidade. E cabe ao varejo transformá-la em crescimento inteligente.