O segundo semestre de 2024 foi marcado por um forte desempenho do varejo alimentar, impulsionado pelas datas sazonais da Black Friday e das festas de fim de ano. A Black Friday registrou um crescimento de mais de 12% em relação ao ano anterior, com destaque para o aumento de quase 30% no faturamento do dia 29 de novembro, reflexo direto do pagamento da primeira parcela do 13º salário. A Mercearia liderou as vendas na data, seguida por Bebidas. Já nas vésperas de Natal e Ano Novo, o varejo apresentou alta superior a 35%, favorecido pelo calendário (com as datas caindo em dias úteis) e pela injeção do 13º salário no mercado.
Durante o período festivo, os consumidores direcionaram suas compras principalmente para Mercearia, Bebidas, Frios e Laticínios e Açougue. Apesar da liderança da Mercearia, houve uma leve perda de espaço das Bebidas, enquanto Açougue e Frios ganharam mais relevância no carrinho do consumidor. O panetone foi um dos destaques, com crescimento superior a 10%, impulsionado pelo aumento do preço médio e maior volume de compras. O resultado consolidado de 2024 mostrou crescimento de 4,6% no varejo alimentar em relação a 2023, sendo 5,3% para supermercados e 4,1% para atacarejos.
Esse crescimento foi resultado de estratégias diferentes entre os canais. Supermercados compensaram a queda de itens por carrinho com aumento no número de tickets e crescimento do preço médio. Já o atacarejo viu aumento no volume por compra, devido a preços mais baixos, mas com redução na frequência de compras — o que impactou o resultado final, 1,2 ponto percentual abaixo dos supermercados. Essa dinâmica reflete o comportamento do consumidor diante de um cenário macroeconômico instável e de reajustes nos preços dos alimentos.
As categorias mais afetadas pela alta de preços no fim de 2024 foram carnes, aves e café em pó, influenciadas pela valorização do dólar e pelo aumento da demanda externa, o que reduziu a oferta no mercado interno. A expectativa para 2025 é de continuidade dessa pressão, especialmente nos primeiros meses do ano. Para garantir competitividade, será essencial investir em tecnologia e programas de fidelização, que ofereçam benefícios reais ao consumidor e contribuam para uma jornada de compra equilibrada e ajustada à sua realidade financeira.