A inteligência artificial (IA) tem se consolidado como uma peça-chave para o varejo alimentar, elevando a experiência de compra a um novo patamar. Mais do que impulsionar a digitalização do setor, a IA viabiliza ambientes hiper personalizados, precificação em rede em tempo real e um relacionamento direcionado com lojas e marcas, algo inimaginável até pouco tempo atrás.
Durante a HumanX 2025, maior evento global sobre IA, realizado em Las Vegas, ficou evidente que a tecnologia está redefinindo o futuro do varejo. Trazemos aqui os principais aprendizados dessa imersão e mostramos como a Rock Encantech está liderando esse movimento no Brasil.
Entre as soluções que mais chamam a atenção estão os modelos de precificação baseados em deep learning, que ajustam os preços e implementam trade digital, conforme o perfil individual de cada consumidor, dia da semana, dia do mês, promoções disponíveis, o estoque de toda a loja, disponibilidade para reposição de produtos e até mesmo a previsão do tempo.
Também podemos observar o avanço de redes sociais proprietárias dentro dos apps de varejo, capazes de entregar conteúdo comercial com a mesma dinâmica e estética de plataformas como Instagram e TikTok, porém com maior precisão que as redes sociais tradicionais. O resultado? Uma personalização tão refinada que suplanta até mesmo os modelos criados pelo Google, que tanto sucesso fizeram na publicidade dirigida até então.
Essa hiper personalização vai muito além do histórico de compras. Algoritmos agora consideram dados contextuais como clima, sazonalidade, ruptura e comportamento de navegação em tempo real. O resultado é uma experiência de compra mais fluida, personalizada, eficiente e por que não, verdadeiramente encantadora.
Também conseguimos analisar como gigantes do mercado, a exemplo de Amazon e Walmart, têm utilizado a IA. A Amazon personaliza recomendações com base nos hábitos de compra e navegação dos clientes e já desenvolve uma rede com digital twins – utilizando o comportamento (incorrido) de nossos gêmeos digitais. Ambas têm adequado seus modelos ao perfil do consumidor híbrido – digital e físico ao mesmo tempo. No campo logístico, utiliza IA para otimizar centros de distribuição e rotas de entrega, uma estratégia que ainda exige investimentos robustos para ganhar escala no Brasil. Por outro lado, já há iniciativas inspiradas no modelo chinês de entregas ultrarrápidas.
O Walmart aplica IA na previsão de demanda e explora conceitos de experiência de compra, inclusive para fazer alocação de recursos de logística. Além disso, aposta fortemente na digitalização do ponto de venda, com investimentos em quiosques de autoatendimento, prateleiras inteligentes e seu aplicativo móvel. Já temos consumidores comprando digitalmente de dentro da loja física. Para atender este novo shopper, o Walmart se prepara para fazer entregas em até 3 horas para aproximadamente 95% do território contíguo nos EUA.
Muito além da personalização tradicional
Se antes o foco estava em personalizar com base no histórico de compras e preferências declaradas, agora a IA opera em um novo nível. Com algoritmos que consideram variáveis como estoque da loja, previsões climáticas, sazonalidade e até movimentação no ponto de venda, a experiência é adaptada em tempo real, com precisão e relevância inéditas.
Isso se traduz em soluções como feed infinito de produtos, funcionando como redes sociais personalizadas para cada consumidor. Um verdadeiro “Instagram do varejo”, no qual cada marca e loja ganha seu próprio canal de relacionamento digital, com conteúdo sob medida: sugestões de receitas, combinações de produtos, dicas de uso e até ofertas sob demanda.
Com a personalização de ponta viabilizada por IA, o varejo ganha novas formas de rentabilização. A gôndola estendida, por exemplo, oferece milhares de novos produtos além do sortimento tradicional, abrindo espaço para marcas antes invisíveis nas prateleiras.
A incorporação da IA no relacionamento com os consumidores e na gestão de ofertas versus demanda já está transformando a experiência de compra e pesquisa no varejo alimentar ao permitir que as empresas criem experiências mais personalizadas, abrindo espaço para as marcas, inclusive para aquelas que não fazem parte do line up de compras das lojas, habilitando um formato de gôndola estendida, em que milhares de novos produtos ficam à disposição dos consumidores, num formato infinito de ofertas e oportunidades.
Esse cenário transforma o ponto de venda em um marketplace personalizado, e o trade digital passa a ser um canal de mídia segmentado.
A tecnologia ARM (Audience Relationship Management) também inaugura novos caminhos de receita para o setor. Além de potencializar vendas, viabiliza estratégias como retail media, discovery e trade digital, tornando o relacionamento entre indústria e varejo mais eficiente.
A digitalização dos consumidores e o uso de assistentes baseados em IA (agentic AI) têm aumentado as conversões online em até 40%, evidenciando que essa transformação não apenas melhora a experiência de compra, mas também impulsiona vendas e otimiza estoques. Os agentes inteligentes abrirão novas avenidas no relacionamento com os consumidores. Muito em breve teremos um agente pesquisando e procurando por um produto em diversos pontos (intra e inter lojas) e nos fornecendo informações sobre características do produto encontrado, grau de similaridade, preço, disponibilidade, meios de pagamento disponíveis, frete etc. Um robô programado por comandos de palavras (prompts).
O uso combinado destas técnicas habilita um novo modelo de diferenciação e de atração que não é mais exclusivamente baseado no desconto provido pelo varejista. Muito pelo contrário, o cashback se viabiliza com o ganho de eficiência que a inteligência entrega para a indústria, permitindo usar parte dos recursos em favor do próprio consumidor.
O engajamento digital é, com certeza, a principal consequência direta e perene do emprego destas técnicas. A audiência se aproxima das marcas e das lojas, estabelecendo uma relação permanente com benefícios diretos para todos – uma relação de ganha-ganha autêntica e perene.
Com apoio destas tecnologias, o varejo alimentar entra em uma nova era, onde cada interação é uma oportunidade de criar valor e fortalecer o relacionamento tanto com as marcas quanto com as pessoas, colocando-as definitivamente no centro, como a principal razão de todas as iniciativas.